O iminente reajuste nas tarifas de transporte público entre o Entorno do
Distrito Federal e o DF, com aumento previsto de 2,91%, reacende uma
preocupação antiga e recorrente dos moradores dessas regiões: o peso do transporte no orçamento mensal de quem
depende diariamente do ônibus para trabalhar ou estudar.
Resumo da Situação:
- Novo Gama:O trecho para Brasília pode chegar a R$ 12,05.
- Águas Lindas de Goiás:A tarifa para Brasília pode ser de R$ 11,15.
- Valparaíso de Goiás: As tarifas variam entre R$ 5 e R$ 9,15.
- Cidade Ocidental:As tarifas podem variar entre R$ 5,75 e R$ 9,75, com um possível aumento para R$ 10.
·Reajuste:
Aumento de 2,91% previsto para 22 de agosto.
·ANTT:
Embora afirme que ainda está avaliando a decisão, bastidores indicam que a decisão já foi tomada pelo diretor-geral
Guilherme Theo Sampaio e comunicada a órgãos do DF e de Goiás.
·Semob-DF: O secretário Zeno Gonçalves declarou que a medida pode resultar em mais desemprego, já que empresários podem optar por dispensar funcionários que moram no Entorno devido ao custo elevado com transporte.
Impactos Diretos:
·Financeiro:
Para quem ganha um salário mínimo ou pouco mais, o novo valor pode consumir
mais de 20% da renda mensal só
com transporte.
·Social:
Aumenta a desigualdade entre quem mora no DF (onde há integração tarifária e
subsídios) e quem mora no Entorno.
·Econômico: Empresas que contratam trabalhadores do Entorno podem rever contratos devido ao custo indireto do deslocamento, como aponta o secretário da Semob-DF.
Questões levantadas pela população:
1.Por que não há
integração tarifária entre DF e Entorno, mesmo com a interdependência econômica
evidente?
2.Por que a decisão
foi tomada de forma pouco transparente, sendo comunicada antecipadamente a
órgãos de governo mas não à população?
3.Quais medidas compensatórias estão sendo planejadas para mitigar os efeitos do aumento?
Esse trecho destaca uma iniciativa importante e estruturante para enfrentar de forma mais definitiva os problemas do transporte público entre o Entorno e o Distrito Federal: a criação do Consórcio Interfederativo da Região Metropolitana do Entorno do Distrito Federal (CIRME).
Pontos-chave da proposta:
Objetivo principal:
Gerir de forma integrada o transporte semiurbano entre DF e Entorno, com foco em qualidade, acessibilidade e coordenação entre os entes federativos.
Componentes da proposta:
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Gestão compartilhada entre União, DF e Goiás.
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Planejamento unificado, inclusive com licitações sob uma única governança.
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Fiscalização integrada dos serviços.
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Subsídio tarifário de cerca de R$ 67 milhões por ano.
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Redução do valor das passagens para R$ 8, em média.
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Investimentos da União em infraestrutura (frota, terminais, plataformas).
Andamento:
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Em fevereiro, houve reunião entre Daniel Vilela (GO), Ibaneis Rocha (DF) e prefeitos do Entorno para tratar do consórcio.
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O governador em exercício de Goiás protocolou pedido na Casa Civil, com base em estudos do Ministério dos Transportes.
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Até agora, a União não deu resposta formal.
Interpretação e impacto:
O CIRME representa uma solução de longo prazo, muito mais eficaz do que reajustes pontuais e isolados que penalizam diretamente os trabalhadores. Com subsídios, investimentos federais e uma gestão integrada, o transporte pode se tornar mais eficiente, mais barato e digno.
Por outro lado, a falta de resposta da União mostra um entrave político e burocrático que está atrasando uma solução que já está tecnicamente fundamentada e politicamente articulada nos âmbitos estadual e distrital.
Possíveis encaminhamentos:
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Cobrança pública à União por uma posição sobre o consórcio.
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Mobilização popular e institucional em defesa da constituição imediata do CIRME.
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Pressão sobre a Casa Civil e o Ministério dos Transportes, para destravar o processo.


